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La revue n° 43 atelier de traduction

atelier de traduction

Relecture d'un texte d'Ademar Ribeiro

LA CHIMIE DU POÈME
Relecture d´un texte d´Ademar Ribeiro

Nous avons dans La Chimie du Poéme, d´Ademar Ribeiro, un texte par excellence, pouvant être inclus comme exemple de poésie dans quelque soit le livre didactique, pour enseigner aux jeunes comment se bâtit le langage littéraire et les chemins qui mènent au façonnage poétique.
Ce n´est pas le cas de vanter un texte, en émettant des avis personnels, ni d´échanges de faveurs entre compères et commères, à voir qui flatte au mieux ou davantage.
Non. Un auteur mérite bien plus que cela, n´importe si son oeuvre est bonne, passable ou tout simplement mauvaise.
Il s´agit d´observer le texte selon les règles grammaticales et littéraires, en le disséquant dans son conténu, en le ressentant par le biais de l´émotion et en l´appréhendant comme produit achevé.
C´est la métaphore qui fournit du support au langage littéraire, étant la principale caractéristique qui distingue la Poésie des autres genres de Littérature. Sans métaphore, bonjour le Poème!
Voilà donc la première découverte qui saute aux yeux dans le texte d´Ademar Ribeiro: d´image en image, depuis une situation restreinte, individuelle, l´auteur emmène le lecteur - en ouvrant chemin à balle - vers quelque chose de beaucoup plus vaste, qui est “la grande finale”.
C´est comme si le narrateur était un chef d´orchestre qui jouait une symphonie avec d´abord un tout petit instrument, pour atteindre enfin l´apothéose avec tous les instruments en activité, dans des vagues sonores, dans une acoustique qui les multipliait.
Voici la première explication que nous trouvons dans le sens du numérotage (quantité) que l´auteur établit dans le déroulement du texte ( au jour, au mois, à l´année, pas seulement un, deux, trois, cinq, cinq-mille, mais quatre-vingt mille...)
Remarquons que c´est juste depuis les chiffres ( un à quatre-vingt huit mille ) que l´auteur part vers l´idée de “gigantisme” et de “globalisation”, caractéristiques de nos jours, où la violence est portée à l´extrême, en requérant pourtant davantage de force contraire pour maintenir l´équilibre de la “rime”, autant dire, pour sauver la dignité de la “poésie”.
Le poème-protestation est l´axe central de ce processus métaphorique ( ne tue pas, ne tue pas, pas seulement un ) en rapportant l´idée imaginaire au façonnage poétique, qui résiste comme source de vie, en opposition au pouvoir des armes de destruction en masse ( virus, balles, missiles, canons... ).
La “cabale” est bien nette dans le texte ( malgré ses mystères ) n´ayant pas le sens de science occulte emprunté par les juifs dans l´intreprétation des textes sacrés, largement repassée par des chaînes d´initiés de tous les temps.
Il s´agit de la “cabale de la rime”, c´est à dire, de la conspiration poétique ( superbe méthaphore!) dans laquelle le verbe “tuer” perd son sens de destruction, en récupérant un sens de recréation (réincarnation).
Il y a autant de riches images et de mystères admirables dans le texte d´Ademar Ribeiro, tout en s´ouvrant à plusieurs interprétations, que même ceux qui ont dit de lui “je n´ai rien compris” ont tout de même raison.

Maria José Limeira
(Maria José Limeira est écrivaine et douce
journaliste démocratique de João Pessoa-PB).

 

 

 

QUÍMICA DO POEMA
Uma releitura sobre texto de Ademar Ribeiro

Temos em “Química do poema”, de Ademar Ribeiro, um texto por excelência, que pode ser incluído como exemplo de Poesia em qualquer livro didático, para ensinar aos jovens como se constrói a linguagem literária e que caminhos levam ao fazer poético.
Não se trata aqui de elogiar texto, emitindo opinião pessoal, ou troca de favores entre compadres e comadres para ver quem elogia mais ou melhor.
Não. Um autor merece bem mais do que isto, por mais que sua obra seja razoável, boa, ou simplesmente péssima.
Trata-se de observar o texto conforme as regras gramaticais e literárias, dissecar-lhe conteúdo, senti-lo como emoção e apreendê-lo como produto acabado.
A metáfora é o que dá sustentação à linguagem literária, e esta é a principal característica que distingue a Poesia dos demais gêneros da Literatura.
Sem metáfora, adeus Poema!
É justamente esta a primeira descoberta que salta aos olhos no texto de Ademar Ribeiro: de imagem em imagem, o autor conduz o leitor de uma situação restrita, individual - abrindo caminho à bala - para eclodir numa coisa bem maior, que é o “grande final”.
É como se o narrador fosse o maestro de uma orquestra que tocasse uma sinfonia a partir de um pequeno instrumento, para depois alcançar a apoteose, com todos os instrumentos em atividade, como ondas sonoras, sob uma acústica que as multiplicasse.
Esta a primeira explicação que encontramos no sentido da numeração (quantidade) que o autor explicita no desenvolvimento do texto (um dia, um mês, um ano, não apenas um, dois, três, cinco, cinco mil, mas oitenta e oito mil...).
Note-se que é mesmo dos números (um a oitenta e oito mil) que o autor parte para a idéia do “gigantismo” e da “globalização”, características de um mundo atual conturbado, com a violência levada ao extremo, que requer, por isto mesmo, mais força contrária para manter o equilíbrio da “rima”, leia-se, para salvar a dignidade da “poesia”.
O poema-protesto é o eixo central desse processo metafórico (não mates, não mates, não mates apenas), com a idéia imaginária relacionando o fazer poético, que resiste como fonte de vida, em contraposição ao poder das armas de exterminação em massa (vírus, balas, mísseis, canhões...).
A “cabala” está bem clara no texto – apesar dos seus mistérios – e não tem o significado da ciência oculta que os judeus lhe emprestam como interpretação de textos sagrados repassada por uma cadeia de iniciados de todos os tempos.
Trata-se da “cabala da rima”, isto é, da “conspiração poética” (grande metáfora!), quando o verbo “matar” perde o seu significado de destruição recuperando um sentido de re-criação (re-encarnação).
É tanta a riqueza de imagens e tão admiráveis os mistérios no texto de Ademar Ribeiro, com abertura a várias interpretações, que estão certas até as pessoas que disseram sobre ele: - Não entendi nada.

Maria José Limeira
(Maria José Limeira é escritora e doce jornalista
democrática de João Pessoa-PB).